sábado, 25 de junho de 2016

A civilização muçulmana



Enquanto o Império Romano do Oriente lutava
para manter vivas a cultura e as tradições helenísticas, um povo de pastores
semitas mudava o curso da História. Mobilizados pelo profeta Maomé, entraram
em choque com a civilização bizantina e com os novos reinos da Europa ocidental.
Os muçulmanos construíram a civilização mais brilhante da Idade Média,
assimilando o patrimônio cultural dos povos do Oriente Médio e do Extremo
Oriente. Atualmente, o islamismo conta com milhões de seguidores em todo
o mundo.
A península dos árabes
A Arábia é um imenso deserto de pedras e areia. Seus escassos habitantes se
fixaram na costa do mar Vermelho e nos oásis do interior. A península Arábica
era habitada por tribos de beduínos semitas, da mesma origem dos judeus,
fenícios e assírios.
Os beduínos da Arábia eram pastores de rebanhos de cabras e camelos.
Sua principal atividade era o comércio entre os oásis do interior e o litoral.
Nas aldeias, tais como Meca e Latribe, cultivavam a terra.
A religião
Os árabes eram um povo muito religioso. Adoravam Alá, o deus supremo.
Cada tribo adorava seus ídolos. Entre esses ídolos, o mais antigo era uma pedra
preta guardada na Caaba, a casa quadrada de Meca. Segundo a tradição árabe,
Alá teria depositado a pedra preta nas mãos de Abraão, pai de todos os semitas.
O destino desse povo se transformou com a chegada de um líder que
propunha o ideal da unidade árabe e da conquista da Terra pelo povo árabe.
Maomé
Maomé nasceu em Meca em 570. Era pastor e cuidava de caravanas
de camelos. A tradição conta que Maomé recebeu uma revelação do arcanjo
Gabriel, segundo a qual Alá o escolhera para pregar a mensagem de salvação
entre seus irmãos árabes: o Islã, a submissão à vontade divina.
A civilização
muçulmana
Como não sabia escrever, Maomé ditou a revelação a amigos, que reuniram
seus ensinamentos no Alcorão, o livro sagrado do Islã.
Esses são alguns deveres dos fiéis muçulmanos:
l rezar cinco vezes ao dia voltado na direção de Meca;
l ficar em jejum durante os quarenta dias do ramadã, o mês sagrado;
l praticar a caridade;
l visitar Meca pelo menos uma vez durante a vida.
Os ensinamentos de Maomé fortaleceram os laços familiares entre os árabes.
A mulher deixou de ser escrava para tornar-se companheira. A poligamia,
o costume de manter muitas mulheres, teve seu limite fixado em quatro esposas.
O triunfo da nova crença
Perseguido pelos chefes de Meca, por causa dos ataques que
fazia aos ídolos da Caaba, Maomé foi obrigado a fugir em 622, para
Latribe. Os muçulmanos contam os anos a partir dessa fuga. Latribe
ficou conhecida como Medina, a cidade do profeta.
A partir dessa fuga, Maomé começou a pregar a guerra santa
contra todos os infiéis, aqueles que não acreditavam nas suas
revelações. Segundo a crença, os muçulmanos que morrem lutando
pela religião vão direto ao paraíso.
Os habitantes de Medina logo adotaram a nova religião. Em 630,
Maomé e seus guerreiros muçulmanos atacaram Meca. Penetraram
na Caaba e destruíram todos os ídolos, menos a pedra preta.
Após essa vitória, o islamismo se espalhou por toda a Arábia.
Antes de sua morte, em 632, Maomé havia conseguido unificar as
tribos árabes.
O império muçulmano
Com a morte do profeta, seu sogro, Abu-Beker, se proclama califa, palavra
que significa sucessor, e governa em nome do profeta. O califa era um misto de
chefe político e religioso. Tinha como missão preparar os árabes para a conquista
da Terra.
Abu-Beker foi sucedido pelo califa Omar. Durante seu governo de onze
anos, deu-se o início da expansão muçulmana. Guerreiros do Islã atacaram a
Pérsia e o Império Bizantino, ambos debilitados por lutas internas. Em pouco
tempo, graças ao progresso militar atingido pelos muçulmanos, conseguiram
dominar extensos territórios e controlar o comércio do Mediterrâneo.
A Pérsia se rendeu após dez anos de luta.
O Império Bizantino perdeu a Síria para os árabes.
No Egito, Alexandria resistiu ao cerco árabe durante dois anos. Depois,
foi incendiada, junto com sua famosa biblioteca. Os muçulmanos construíram
uma nova capital no Cairo.
Guerreiros muçulmanos conquistaram o norte da África, Líbia e Trípoli,
chegando até o local da cidade de Cartago.
Maomé prega para

seus seguidores.
Com a morte de Omar, o califa Ali continuou conquistando mais territórios. A U L A
Mas, em pouco tempo, surgiram as primeiras disputas internas pelo poder,
ocasionando uma guerra civil. A partir desse momento, duas dinastias governaram
o império muçulmano:
l a dinastia dos Omeíadas, fundada pelo califa Muhawiya;
l a dinastia dos Abássidas, fundada pelos descendentes de Abas, tio de
Maomé.
Os omeíadas: o império árabe
A dinastia dos Omeíadas governou o mundo árabe durante aproximadamente
cem anos. Sob os omeíadas, deu-se a expansão territorial. Os califas
abandonaram Meca e fixaram a capital do império em Damasco, na Síria,
ocupando-se unicamente de questões políticas. Durante esse período, os exércitos
muçulmanos conquistaram o Turquestão, o Cáucaso, a Armênia e chegaram
até a Índia.
No norte da África, conquistaram Túnis, Argélia, Marrocos e chegaram até
o oceano Atlântico. A partir daí, atravessaram o estreito de Gibraltar e tentaram
tomar a península Ibérica e a França.
Em 711, iniciaram a conquista da Espanha visigoda. Atravessaram
os Pireneus e começaram a conquista da França. Em 732, após terem conquistado
um terço do território da França, Carlos Martel os deteve em Poitiers.
Os muçulmanos retrocederam até os Pirineus, mas permaneceram na
Espanha até o século XV, quando foram expulsos pelos reis cristãos.
Os abássidas: esplendor e decadência
Em 750, uma revolta interna derrubou a dinastia dos Omeíadas. Os vencedores
dessa revolta, descendentes de Abas, tio de Maomé, mudaram a capital

do império para a Mesopotâmia, onde fundaram Bagdá.
Os novos califas continuaram a expansão territorial e incentivaram o desenvolvimento
científico e artístico. O apogeu dessa dinastia ocorreu durante o
reinado de Harun al-Rachid (780-810): o império muçulmano se estendeu
desde a Espanha até a China.
Durante esse período ocorreu a ruptura da unidade do mundo árabe
sonhada por Maomé:
l em 760, os árabes da Espanha declaram independência;
l em 968, os árabes do Egito tornam-se independentes.
O império foi dividido em três califados. Em Bagdá, os califas se cercaram de
guardas mongóis que, aos poucos, tornaram-se os verdadeiros governantes.
Os turcos
Os turcos eram tribos asiáticas que vieram da Mongólia, assim como os
hunos, os búlgaros e os húngaros. Após séculos de luta contra o império chinês,
dirigiram-se para a Europa e fixaram-se nas margens do mar Cáspio.
Lá, entraram em contato com os árabes da Pérsia e logo se converteram ao
islamismo. A partir de então, tornaram-se guerreiros de Alá e cuidaram da
guarda pessoal do califa.
Em 1055, uma das tribos turcas mais importantes, a dos seljúcidas, tomou
Bagdá e substituiu o califa pelo seu sultão. Os turcos conseguiram submeter
todos os povos árabes da Ásia e da África, tornando-se um perigo para os reinos
cristãos da Europa.
A cultura muçulmana
Os muçulmanos não criaram uma cultura original, mas assimilaram aquilo
que de melhor havia no imenso império que conquistaram em tão pouco tempo.
Sua civilização deixou marcas de tolerância cultural e de uma fantasia sem
limites.
A organização do império muçulmano
Os árabes foram muito tolerantes com os povos conquistados durante a
Guerra Santa: permitiram que conservassem sua religião, seus costumes e a
administração de seus territórios em troca de um tributo. Por outro lado,
mostravam-se cruéis com aqueles que abusavam dessa benevolência.
O califa era o chefe supremo, civil, político e religioso. Os califas governavam
a partir das capitais do mundo árabe: Bagdá, Cairo e Córdoba.
Nos territórios conquistados, o emir exercia o poder absoluto em nome do
califa.
As principais tarefas de governo eram desempenhadas pelos vizires, ou

ministros, e os xeques, os chefes das tribos.
A economia do mundo muçulmano A U L A
O contraste entre a Europa empobrecida do início da Idade Média
e a prosperidade do mundo muçulmano era gritante. Os árabes dominaram
as grandes rotas comerciais e tornaram-se os maiores intermediários entre
o Oriente e o Ocidente.
As ciências e as letras
Os árabes difundiram na Europa inventos chineses, tais como o papel,
a bússola, a pólvora e o cultivo do arroz e do algodão. Introduziram o cultivo
da cana-de-açúcar nas ilhas de Chipre e na Sicília. Foram grandes fabricantes
de tecidos, tapetes, jóias, cerâmicas e vidro. E também:
l dedicaram-se à química, fabricando remédios, drogas, perfumes e tinturas;
l desenvolveram a cartografia e a astronomia;
l no campo da matemática, desenvolveram a álgebra e a trigonometria.
Introduziram na Europa as obras de Arquimedes e Euclides, e os números
arábicos que trouxeram da Índia;
l a literatura dos árabes é uma das mais ricas e fascinantes da História. Suas
lendas e contos são apreciados ainda hoje. Os mais populares são A lâmpada
de Aladim, As mil e uma noites e Sinbad, o marujo;
l no campo da filosofia, destacaram-se pela tradução das obras de Platão
e Aristóteles, que chegaram à Europa medieval levadas por eles;
l sua medicina foi a mais avançada da Idade
Média: criaram as primeiras clínicas e escolas
médicas. Seus farmacêuticos e médicos
desfrutavam fama mundial.
As artes
O Alcorão proibia a representação de figuras
humanas. A civilização muçulmana produziu
uma arquitetura admirável que introduziu novos
elementos, tais como o uso do arco com
ornamentos geométricos, o arabesco, presente

em mesquitas e palácios.

Nenhum comentário:

Postar um comentário