terça-feira, 28 de junho de 2016

A Revolução Pernambucana de 1817




O movimento revolucionário em Pernambuco irrompeu a 6 de março, quando as
tropas luso-brasileiras já haviam ocupado Montevidéu (20 de janeiro), com a
expulsão dos guerrilheiros de Artigas, enquistados na capitania de São Pedro do
Rio Grande do Sul, nas operações de limpeza em São Borja, Ibicoraí e Carumbé,
e subseqüente invasão da Banda Oriental, levando os adversários de vencida em
Índia Muerta e Catalán, embora tudo isso significasse o prelúdio de uma guerra
que se vai arrastar sem solução definitiva, mesmo depois da criação da Província
Cisplatina (31 de julho de 1821).
As causas da revolução pernambucana podem ser definidas como um protesto do
Norte contra a hegemonia do Sul. Pernambuco não se acomodará facilmente à
condição de "colônia do Estado irmão mais moço", nas palavras de Handelmann,
em sua História do Brasil, remetendo obrigatoriamente para a manutenção da
corte uma boa parte de suas rendas, o que aliás acontecia com todas as demais
capitanias. Os habitantes do Recife - para citar um só exemplo - pagavam um
imposto mensal destinado à iluminação pública do Rio de Janeiro. Daí o ciúme de
Pernambuco, diante da soma enorme de benefícios que tornariam a região
fluminense a mais favorecida de todas, no período joanino, em detrimento das
mais distantes, no conjunto inorgânico que era o Brasil daquele tempo.
Em Pernambuco, as aspirações de autonomia reaparecem num período de
retração econômica ocasionada pela baixa do preço do açúcar e pela brusca
supressão das exportações de algodão, era conseqüência dos acordos com a
Grã-Bretanha. As operações no Rio da Prata impunham, além do mais, a
cobrança de novos tributos sobre as receitas alfandegárias, a fim de custear as
despesas com o corpo expedicionário. A Pernambuco pouco se lhe dava que
fosse ou não incorporado o território da Banda Oriental ao império luso-brasileiro.
Daí a conspiração que encontrou campo favorável nas antigas diferenças entre
reinóis e mazombos.
Sob orientação clerical, o movimento deveria ter início no domingo da Páscoa
(coincidente em 1817 com o mês de abril), comemorando-se a ressurreição de
Cristo com a da pátria. No entanto, uma rixa de quartel, que culminou com o
assassino de dois oficiais superiores, ambos portugueses, antecipou a
deflagração. A república pernambucana não teria duração maior do que 75 dias. O
conde dos Arcos enviou duas expedições militares a Pernambuco, uma naval e
outra terrestre, "com uma presteza que não era de esperar na índole portuguesa",
segundo o relatório do cônsul Maler ao governo francês. Pelos seus cálculos,
concentraram-se em Pernambuco cerca de 8 mil homens para debelar a revolução, que teve no padre João Ribeiro Pessoa de Melo Montenegro o seu grande herói.
Com uma espingarda e um saco contendo o arquivo da república aos ombros, o
padre João Ribeiro acompanhou, descalço, a retirada do exército rebelde até o
engenho Paulista, onde foi decidida a debandada. Dirigiu-se em seguida à igreja e
ali queimou os papéis que poderiam comprometer os seus companheiros,
suicidando-se junto ao altar-mor. Remetidos para a Bahia, foram executados
Domingos José Martins, José Luís de Mendonça e o padre Miguelinho. No Recife,
tiveram o mesmo fim. Antônio Henriques, Domingos Teotônio Jorge, José de
Barros Lima (o Leão Coroado) e o padre Pedro de Sousa Tenório E os da
Paraíba: José Peregrino de Carvalho, Amaro Gomes da Silva Coutinho, Francisco
José da Silveira, Inácio Leopoldo de Albuquerque Maranhão e o padre Antônio
Pereira de Albuquerque. A cabeça do padre João Ribeiro, decepada, foi exposta
no pelourinho da cidade irredenta.
CONSPASSO DE ESPERA
A corte festejou com foguetes, repiques de sino e luminárias a notícia da
derrocada da revolução pernambucana. Vitorioso no Sul e Norte, consolidadas as
posições militares no Rio da Prata e extinto o movimento sedicioso em
Pernambuco, D. João protelou mais uma vez a cerimônia da sua aclamação. A
morte da rainha, aos 81 anos (20 de março de 1816), ocorrera num dos instantes
mais agudos da crise platina. D. João parecia não ter pressa. Antes de ser
aclamado rei de Portugal, Brasil e Algarves, reclamava sua atenção e vigilância
assunto mais sério do que festas, o problema de conter a pressão inglesa, agora
de parceria com a Espanha, no sentido do regresso imediato da família real e de
uma composição amigável com Fernando VII, de novo reposto no trono da
Espanha, aliado também da Rússia, que se dispunha a fornecer-lhe todos os
recursos, em armas e soldados, para uma expedição vingadora na América do Sul.
Estavam de cima os janeiristas, isto é, aqueles que, com o conde da Barca à
frente, eram pela continuação da corte no Rio de Janeiro. D. João procurava
compor-se com Fernando VII, estabelecendo uma dupla aliança com os Bourbons
da Espanha, através do casamento simultâneo das princesas Maria Isabel e Maria
Francisca, a primeira com o próprio rei e a segunda com o herdeiro presuntivo,
príncipe D. Carlos Maria Isidro, que seguiriam para Madrid ao mesmo tempo em
que chegavam ao Rio de Janeiro as primeiras levas de soldados portugueses,
veteranos da guerra peninsular, que haviam sido requisitados para o policiamento da fronteira sulina.
A aliança entre a casa de Bragança e a dos Habsburgos seria outro golpe
estratégico de D. João, em meio aos fogos cruzados das potências européias, não
só da Grã-Bretanha, Espanha e Rússia, como também da França , contra a sua
política de anexação da Banda Oriental. Já o ensaiara em 1814, mas sem êxito,
nas sondagens sobre a possibilidade do casamento da infanta D. Isabel Maria.
com o príncipe imperial da Áustria, Ferdinando, herdeiro do trono.
Em 1816, voltará a insistir, e de modo espetacular, renovando não apenas a
sugestão anterior, como propondo os consórcios do príncipe herdeiro de Portugal
e do Brasil com uma das filhas de Francisco I e da princesa D. Maria Teresa, e da
viúva do infante espanhol D. Pedro Carlos, com o grão-duque da Toscana, irmão
do imperador da Áustria,. com respeito a D. Pedro, que contava apenas 18 anos, o
pai havia recusado duas propostas: do duque da Calábria e da rainha da Etrúria.
Falou-se ainda nas vantagens de casar o príncipe herdeiro com a princesa Ana,
irmã do czar da Rússia, Alexandre I, neutralizando-o assim na sua propalada
ajuda ao governo espanhol.
A ALIANÇA COM A ÁUSTRIA
O que D.João pretendia de fato era a aliança com a Áustria e o apoio de
Metternich, idealizador da Santa Aliança, às reivindicações portuguesas no Prata,
que bastariam para justificar a necessidade de o rei continuar no Brasil, acabando
de uma vez por todas com as pressões pelo seu regresso imediato a Lisboa. Tudo
isso ficou bem claro nas instruções "secretíssimas" remetidas pelo marquês de
Aguiar a Marialva, negociador dos casamentos, sobretudo no parágrafo adiante
transcrito:
Não escapou à perspicácia de S.A.R. ( D. João ) um embaraço que pode ocorrer
nessa negociação e é o de desejar S.M.I. (Francisco I), antes de decidir-se, saber
com certeza se S.A.R. conta regressar ou não a Portugal; e para remover este
embaraço, manda-me o mesmo Senhor participar confidencialmente a Vm.ce
(para fazer uso discreto, segundo as ocorrências) que o seu real intento é
regressar à Europa, logo que haja conseguido preservar este Reino do Brasil do
contagioso espírito revolucionário que conflagra pelas colônias espanholas; e que
outrossim tenha inteiramente estabelecido e consolidado a pôr em prática, para o
fim de estreitar os enlaces entre Portugal e o Brasil, e as demais possessões da
Coroa Portuguesa, e de conseguintemente haver entre todas aquela união e
identidade que há de ser o mais sólido fundamento da progressiva prosperidade
de sua monarquia; e acrescendo que, no entretanto que S.A.R. completa com a
possível brevidade esta grande obra (que pode mesmo talvez utilizar ao sistema
político da Europa pelos tratados de Paris e Viena); e por conseguinte o mesmo
Senhor poderá então sem susto de futuras subversões restituir-se á sua Corte em
Lisboa. Tais são as graves e atendíveis razões que Vm.ce alegará (se preciso for)
para dissolver qualquer hesitação de S.M.I. a esse respeito.
D. João nada tinha de açodado. Era lento, deixava que as coisas amadurecessem
com o tempo. Como ficou assinalado, ao assumir o poder (fevereiro de 1792), pelo
impedimento da mãe, não se intitulou regente de pronto, e sim depois de sete
anos (junho de 1799). Esperou a morte da rainha (20 de março de 1816) e ao
completar 51 anos (13 de maio de 1816), decorridos 24 anos de governo, ratificou
a carta de lei de 16 de dezembro de 1815, criando o Reino Unido de Portugal,
Brasil e Algarves. Os representantes do monarca que compareceram ao
Congresso de Viena já seriam, portanto, ministros plenipotenciários que falavam em defesa da monarquia dual luso-brasileira, com sede no Rio de Janeiro desde
1808.
O REI ACLAMADO
Revestida de grande pompa, acarretando enormes despesas ao erário, e mesmo
ás economias particulares de D. João, que tinha fama de avaro, a missão de
Marialva atingiu em cheio pelo menos um, e o mais importante, do seu tríplice
objetivo: o casamento de D. Pedro com D.Carolina Josefa Leopoldina,
arquiduquesa da Áustria, segunda filha de Francisco I. Metternich apoiaria, enfim,
contra a Grã-Bretanha e a Espanha, a ocupação portuguesa de Montevidéu.
Efetuou-se o contrato matrimonial, no dia em que D. João completava 50 anos (13
de maio de 1817), e D. Leopoldina partiu para a ltália, a caminho do Brasil.
A comitiva foi contudo retida em Livorno, não só pela demora da esquadra
portuguesa que a devia transportar para o Rio de Janeiro, como pelas notícias do
movimento revolucionário em Pernambuco e, depois, da conspiração de Gomes
Freire de Andrade em Portugal. A diplomacia britânica pôs-se em campo,
sugerindo ao governo austríaco que a princesa deveria retornar a Viena ou seguir
para Lisboa, onde aguardaria a volta iminente da família real portuguesa. No
mesmo sentido, manobrou D. Carlota Joaquina, pedindo ao irmão Fernando VII
sua interferência junto a Francisco I, tomando o pretexto para abreviar o regresso
a Lisboa. Metternich mostrou-se impressionado com essas gestões. Foi
pessoalmente a Livorno, mas teve de se render diante da firme decisão da
princesa, ansiosa de reunir-se à sua nova família luso-brasileira e correr com ela
todos os riscos do momento revolucionário.
D. Leopoldina chegaria ao Brasil em 5 de novembro de 1817. Só então o rei
concordaria em que se cuidasse dos preparativos para a sua aclamação. Sentiase
D. João na plenitude dos seus poderes, prestigiado pela casa da Áustria,
sustentáculo da Santa Aliança, anteparo valioso á sua política de resistência
contra as pretensões espanholas, libertando-se afinal da opressiva predominância
britânica. O casamento do príncipe herdeiro fortalecia, por igual, o desejo de
continuar em seus domínios americanos, que ampliara com a conquista da Banda
Oriental, mantida a unidade territorial do colosso brasileiro com a repressão do
foco separatista em Pernambuco.
No ato da aclamação (6 de fevereiro de 1818), que marca o apogeu do seu
reinado, D. João manda suspender as devassas, conservando, contudo, nas
prisões mais de uma centena de brasileiros. No Sul, prosseguia a encarniçada
resistência de Artigas. Ficariam abertas as feridas de um lado e de outro lado.
Sem esquecer, ainda, a mágoa dos seus súditos que reclamavam a reintegração
européia do rei americano. O monarca passaria a viver, depois de aclamado, mais
um capítulo do seu drama político, entrevisto aliás por um observador estrangeiro,
L.F. de Tollenare, nas suas Notas dominicais (1816, 1817, 1818; trad. bras. 1905)
no instante em que se preparava o movimento revolucionário em Pernambuco: As
duas partes da monarquia acham-se mais em situação de inimizade do que de fraternidade, e na verdade é bem difícil administrar dois países que quase não
experimentaram a necessidade mútua de uma aliança e que, pelo contrário, possuem interesses opostos.
E, noutro passo, como que profetizando a inevitabilidade da separação,
acrescenta Tollenare: Certo é difícil ser ao mesmo tempo rei de Portugal e do
Brasil, e agir paternalmente para com dois povos que têm interesses tão opostos.
Um não pode viver sem o monopólio; o progresso do outro exige a sua supressão.

Teoria Marxista







Foi no estado alemão, agitado e cheio de problemas, que nasceu o marxismo. Essa
teoria não foi concebida apenas por Karl Marx ( 1818 - 1883 ), ele teve uma colaboração ideológica e
financeira de Friedrich Engels ( 1820 - 1895 ). Eles escreveram em parceria o Manifesto Comunista (
1848 ) e A ideologia alemã. Algumas das obras de Marx foram O 18 Brumário de Luís Bonaparte,
Contribuição à crítica da economia política, e a mais importante que foi O Capital. Já Engels escreveu
Anti-Dühring, A dialética da natureza, A origem da família, da propriedade privada e do Estado e outras.
Eles formularam seu pensamento baseado na realidade social da sua época, que era
de um grande avanço técnico e aumento do controle da natureza pelo homem mas por outro lado, a
classe trabalhadora sofria mais opressão e ficava cada vez mais pobre. Sua doutrina partiu do estudo
dos economistas ingleses Adam Smith e David Ricardo e da filosofia de Hegel. Essa doutrina se compõe
de uma teoria científica, o materialismo histórico, e de uma teoria filosófica, o materialismo dialético.
Segundo o materialismo, o mundo material é anterior ao espírito e este deriva daquele. Marx chama de
infra-estrutura a estrutura material da sociedade, sua base econômica, que consiste nas formas pelas
quais os homens produzem os bens necessários à sua vida. A superestrutura corresponde à estrutura
jurídico-política e a estrutura ideológica. A posição do marxismo, é que a infra-estrutura determina a
superestrutura, mas ao tomar conhecimento das contradições, o homem pode agir ativamente sobre
aquilo que o determina. As manifestações da superestrutura passam a ser determinadas pelas alterações
da infra-estrutura decorrentes da passagem econômica do sistema feudal para o capitalista. O
movimento dialético da história se faz por um motor, que é a luta de classes. Essa luta acontece porque
as classes tem interesses antagônicos. No modo de produção capitalista essa relação de antagonismo se
dá porque o capitalista detém o capital e o operário não possui nada, tendo que vender a sua força de
trabalho.
A partir desse ponto, Marx formula uma de suas conceitos mais conhecidos que é a
mais-valia. Esse mais-valia é concebida quando o trabalhador vende ao capitalista a sua força de
trabalho por um valor estipulado num contrato. Acontece que ele produz mais do que esperado, e como
ele fica com tempo disponível dentro da empresa ele produz um excedente que é a mais-valia. Essa
mais-valia não é dividido com o trabalhador e fica nas mãos do capitalista que vai acumulando o
capital. A mais-valia é portanto o valor que o trabalhador cria além de sua força de trabalho e é
apropriado pelo capitalista. Outro conceito que Marx constrói é o da alienação. O trabalhador quando
vende a sua força de trabalho se torna estranho ao produto que concebeu. Essa perda do produto causa
outras perdas para o trabalhador, como a separação da concepção e execução do trabalho, e ainda com
o avanço tecnológico, ele fica sujeito ao ritmo da linha de montagem, não tendo controle sobre o seu
ritmo normal de trabalho. Para que o trabalhador não se revolte, o capitalismo usa de mecanismos de
introdução de ideologia na cabeça das pessoas, para que estas se conformem com a situação de
desigualdade.
O Socialismo
Para Karl Marx, a classe operária, organizada em um partido revolucionário,
deverá destruir o Estado burguês e organizar um novo Estado capaz de acabar com a propriedade
privada nos meios de produção. Esse novo Estado, que ele chama de ditadura do proletariado, deverá
liquidar a classe burguesa no mundo inteiro. Essa primeira fase é chamada de socialismo, precisa de
um aparelho estatal burocrático, um aparelho repressivo e um aparelho jurídico. É nessa fase que se
dará a luta contra a antiga classe dominante, para se evitar a contra-revolução. O princípio do
socialismo é: “De cada um, segundo sua capacidade, a cada um segundo seu trabalho”.
A segunda fase, é chamada de comunismo, e se define pelo fim da luta de classes e
consequentemente o fim do Estado. Haveria um desenvolvimento prodigioso das forças produtivas, que
levaria a uma era de abundância, ao fim da divisão do trabalho em trabalho material e intelectual, e a
ausência de contraste entre cidade e campo e entre indústria e agricultura. O princípio do comunismo é:
“De cada um, segundo sua capacidade, a cada um, segundo suas necessidades”. Com a passagem para
o comunismo, a luta de classes não mais seria entre dominantes e dominados, e sim entre as forças
progressistas e as forças conservadoras.
Correntes marxistas contemporâneas e as aplicações do método marxista.
Lênin ( 1870 - 1924 ), teórico do marxismo, cujo verdadeiro nome era Vladimir Ilitch
Ulianov, foi também um revolucionário. Quando os socialistas revolucionários, liderados pelos
mencheviques, derrubaram os o czarismo em março de 1917, Lênin se encontrava exilado na Suíça.
Retornando à Rússia, liderou a facção dos bolcheviques, que tomou o poder em outubro do mesmo ano.
O seu propósito era restabelecer a verdadeira concepção de Marx e Engels, deformada pela Segunda
Internacional ( 1889 - 1914 ), a partir da qual alemães e franceses apoiaram a guerra imperialista de
1914. Ele também rompeu com o teórico alemão Kautsky, acusando-o de oportunismo e de adotar
posições não revolucionárias, além de imprimir interpretações positivistas e não dialéticas ao
pensamento marxista. Propunha a quebra do Estado burguês pela violência e instaurar a ditadura do
proletariado, e foi contra os anarquistas que achavam necessário abolir o Estado imediatamente. Sob o
seu comando, a Rússia se tornou União Soviética, onde acabou com a propriedade privada, planificou a
economia, fez reformas agrárias, nacionalizou bancos e fábricas.
Leon Trótski ( 1879 - 1940 ) foi companheiro de Lênin nas lutas de 1917, e defendia
revolução permanente, que significa o prolongamento da luta de classes em nível nacional e
internacional, que gerará a guerra civil interna e a guerra revolucionária externa. Trótski foi muito
perseguido pelo seu maior inimigo, Stálin, e refugiou-se no México, onde foi assassinado por um
stalinista.
Joseph Stálin ( 1879 - 1953 ), foi o sucessor de Lênin no poder da URSS e fortaleceu
o Estado ao ponto de transformá-lo num regime totalitário. Imprimiu ao socialismo um caráter
fortemente nacionalista, fortaleceu a polícia e o exército e desenvolveu o culto à personalidade. Esteve
menos preocupado com a teoria e mais com a formulação de máximas de ação. Após sua morte,
Kruchev assumiu o poder e promoveu o processo de desestalinização.
Rosa Luxemburg ( 1871 - 1919 ), natural da Polônia, ajudou na formação da Liga
Espartaquinista e fundou o Partido Comunista Alemão. Defendia a tese da espontaneidade das massas e
criticava o partido único, cuja consequência é o governo ditadorial de uma minoria. Alertou
severamente sobre os perigos da burocracia, que poderia levar à supressão da democracia.
Antônio Gramsci ( 1891 - 1937 ) foi um dos mais importantes teóricos italianos,
preso durante catorze anos pela ditadura fascista. Mesmo no cárcere, onde ficou até a morte, escreveu
muito, enfatizando a crítica ao dogmatismo do marxismo oficial, que ao petrificar a teoria, impedia a
prática revolucionária .

domingo, 26 de junho de 2016

A HISTORIA DA MOEDA





A HISTORIA DA MOEDA
1- ETIMOLOGIA: Embora se remonte a etimologia de moeda, a origem se atribui mais diretamente ao latim
moneta, " moeda ", metonimia o lugar onde se cunhavam moedas em Roma, o templo Juno Moneta.
2- CONCEITO: Unidade representativa de valor aceita como instrumento de troca numa comunidade.
A moeda corrente e a que circula legalmente num pais. Moedas fortes são as que tem curso internacional,
como instrumento de troca e reservas de valor.
3- FUNÇÕES DA MOEDA: Graças a moeda, pode o indivíduo generalizar seu poder de compra e obter da
sociedade aquilo que sua moeda lhe da direito, sob a forma que melhor lhe convém. Classificando uma
transação comercial em duas fases, uma de venda e outra de compra, a moeda facilita ambas as partes.
Resumindo, e mais fácil ao vendedor de uma colheita achar quem lhe queira comprar parte dela do quem
queira troca-la por outros produtos.
4- ORIGEM E HISTORIA ATE O SÉCULO XV:
4.1- AS TROCAS E AS MOEDAS ANTES DA INTRODUÇÃO DOS METAIS:
Hoje em dia, a moeda parece ser uma coisa banal. Mas sua descoberta representou um notável avanço na
historia da humanidade.
Antes do surgimento da moeda, todos viviam a procura de novos instrumentos de troca capazes de medir o
valor dos bens. Entre os inúmeros meios de troca já testados antes da criação da moeda, os animais tem lugar
de destaque. Na Grécia, no século VIII a.C. , faziam-se as contas tomando o boi como parâmetro: uma mulher
valia de vinte a quarenta cabeças de gado; um homem, cem.
Servindo como meio de pagamento, o sal circulava em vários países ( dai vem o termo salário), como
exemplo a Libéria, onde trezentos torrões compravam um escravo. Entre as versões primitivas de moeda, as
conchas foram , sem duvida, as mais difundidas. Especialmente os cauris ( espécie de búzio), que nos séculos
XVII e XVIII virou a moeda internacional; metade do mundo entesourava e comprava cauris.
Abaixo uma lista de moedas primitivas e seus respectivos lugares de utilização:
Açúcar..................... Barbados
Algodão................... Barbados
Amendoim............... Nigéria
Amêndoa................. Sudão
Animais................... Em todo o mundo antigo
Arroz........................ Índia, China, Japão
Bacalhau................. Islândia
Botas....................... China
Búzios..................... África, Ásia, Europa
Cacau...................... México
Dentes de Animais. Oceania
Espetos................... Grécia Antiga
Esteiras.................. Ilhas Carolinas
Mogno..................... Honduras
Peixes...................... Alasca
Peles........................ Sibéria, América
Pérolas.................... África
Sal............................ Etiópia
Seda......................... China
Tartarugas............... Marianas
Telas e tecidos....... Europa, África, China
4.2- A INTRODUÇÃO DE CÁLCULOS CONSTANTES
Fixados na Babilônia e na Assíria por volta do quinto milênio a.C. , os Sumerios tiveram um importante
papel na historia da moeda, ao criarem um calculo baseado em valores de referência constantes.
Graças a esse povo, ainda, o ouro e a prata tornaram-se unidades de medida de preço. Esses metais, porem,
não circulavam, permanecendo nos templos. Ou seja, os Sumerios inventaram o dinheiro, mas não a moeda.
4.3- DAS PRIMEIRAS MOEDAS DE METAL NA CHINA ATE AS MOEDAS METÁLICAS DA ÁFRICA
4.3.1- CHINA
Foi na China do período Chou ( 1122-256 a.C.) que nasceram as moedas de bronze com formas variadas:
peixe, chave ou faca ( Tao), machado ( Pu), concha e a mais famosa o Bu, que tinha a forma de uma enxada.
As formas das moedas vinham das mercadorias e objetos que possuíam valor de troca. Nessas pecas
encontravam-se gravados o nome da autoridade emitente e o seu valor.
No final desta dinastia, surgiu o ouro monetário ( Yuanjin). Este tinha a forma de um pequeno lingote com o
sinete imperial. Também nessa época surgiram as moedas redondas de bronze, com um furo quadrado no
centro.
4.3.1.1- O PAPEL-MOEDA CHINÊS
Os primeiros registros da utilização do papel como moeda remontam do ano 89. As matrizes para a
impressão eram confeccionadas em tabuleiros de madeira ou de bambu, sobre as quais era aplicada uma pasta
especial, feita de polpa vegetal amolecida e batida. A madeira recebia tinta e os desenhos e textos gravados
eram passados para o papel. Essa invenção permaneceu escondida durante séculos; sua importância pode ser
exemplificada pelo fato de os chineses terem erguido um templo em homenagem ao inventor dessa técnica.
A partir do ano 610 missionários cristãos espalharam a novidade em outras terras. Mas foi o comerciante
veneziano Marco Polo que mais se encantou com a técnica de fabricação do papel-moeda chinês, que publicou
no seu livro Le Livre de Marco Polo, entre suas experiências na China, onde ficou dezessete anos.
4.3.2- ÁFRICA
As manilhas ( ou moedas-argolas), feitas na sua maioria de cobre, eram empregadas como meio de troca na
Africa-Ocidental, que hoje compreende a Nigéria, Gana Benin e Togo. Seus valorem eram proporcionais a
quantidade de metal que continham, podendo pesar entre 2700 e 200 g. Suas formas eram variadas também:
ferradura, semicircular, anel, bracelete ou corda retorcida. Um manual português do século XV traz o valor
comercial das manilhas: com oito delas comprava-se um escravo.
Ao lado do valor monetário essas pecas tinham também clara função de ornamentação, alguns exemplares
são totalmente decorados, o que elevava muito seu valor artístico.
4.4- MOEDAS DA GRÉCIA ANTIGA
As primeiras moedas gregas começaram a serem cunhadas a partir do século VII a.C. com figuras de
animais verdadeiros, plantas e objetos úteis ao homem. As moedas primitivas mais famosas eram a coruja, o
pegasus e a tartaruga.
As tartarugas foram as primeiras moedas a serem cunhadas na Grécia, seus exemplares mais antigos são de
625 a.C. e durante um século foram elas que ditavam as leis nas trocas comerciais. Essas moedas
representavam Egina, florescente empório comercial do Peloponeso e eram mais valiosas que as corujas,
valiam o dobro: 2 dracmas ( dracma - unidade da moeda de prata).
Os potros vinham em segundo lugar na ordem de valor monetário, eram cunhados em Corinto, importante
centro comercial no instimo de mesmo nome, trazendo a impressão de um Pegaso ( mítico cavalo alado).
Podiam ser dracmas ou estateres ( o estater era a unidade da moeda de ouro).
Já as corujas, que eram cunhadas em Atenas, sendo as menos valiosas entre as três moedas mais
importantes, valiam uma dracma ou um estatere. Mas anos depois, foram descobertas varrias jazidas de prata
perto de Athenas, e começou a ascensão desta cidade e consequentemente das corujas.
Por volta do ano 525 a.C. , Atenas cunhou uma moeda esplêndida no valor de 4 dracmas, a tetradracma.
Estas moedas estão entre as mais fascinantes da Antigüidade e por quase dois séculos não sofreram
modificações. Após a vitoria da batalha de Salamina, contra os persas ( 480 a.C.), os atenienses cunharam uma
moeda no valor de dez dracmas, o decadracma.
Aos poucos, todas as cidades gregas começaram a cunhar moedas com efígies divinas. De simples
instrumentos de troca, as moedas transformaram-se em obras de arte. Pelo bom gosto, pelo requinte da
cunhagem, pelo relevo acentuado por figuras em perfeita harmonia com a espessura do metal, as moedas
gregas são únicas.
4.4.1- A EVOLUÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DAS MOEDAS GREGAS
Partindo da Grécia, uma enxurrada de prata inundou todos os países conhecidos da época com uma
variedade de tipos de moedas. Em Acrópole de Atenas, no Partenon, criou-se uma coleção de moedas
preciosas do mundo inteiro ( o "Tesouro de Delos" ).
Enquanto isso, o templo de Apolo em Delfos, transformava-se no primeiro banco do internacional do
mundo. Nascia assim, a profissão de banqueiro, e com ela surgia o sistema de empréstimo a juros.
A classificação das moedas gregas era complexa por vários motivos:
1) Pela divisão do mundo grego (cada polis constituía um Estado independente, com moedagem própria);
2) Pela diversidade dos sistemas de peso e multiplicidade de emissões (a dracma de prata e o estater de ouro
também funcionavam como unidades de peso e aplicavam-se, assim, a todos os metais);
3) Pelo fato de muitas cidades terem os mesmos nomes, símbolos e letras, além de muitas moedas;
4) E porque cunharam-se diversos múltiplos e frações, que serviam apenas como moeda de calculo.
4.4.2- MAGNA GRÉCIA
Magna Grécia e a região do sul da Península Itálica e parte da Ilha de Sicília, que ficou ocupada pelos
gregos ate a sua tomada pelo Império Romano.
As moedas consideradas mais bonitas do mundo são as decadracmas e as tetradracmas de Siracusa ( na
chamada Magna Grécia), com a cabeça da ninfa Aretusa ( ou de Persefone) e a quadriga, no trote ou a galope.
Ha 25 séculos essas moedas em prata quase pura - 43g no caso das decadracmas - são objetos de admiração e
imitação.
Na Sicília e na Magna Grécia nasce, no final do século V a.C. , a primeira moeda, em que se podia confiar,
do Ocidente, vinculada ao valor do metal. A variedade também era enorme: ha pecas quadradas, pequenas,
cuneiformes, recunhadas, fragmentadas ou cortadas ( no primeiro caso, para enfrentar a falta de moedas de
menor valor; no segundo, para diminuir o valor).
4.4.3- AS MOEDAS DE ALEXANDRIA
Em Alexandria, Oriente e Ocidente se fundiam: povos de três continentes conviviam em paz, unidos pela
mesma língua, o grego. Naquela cidade, ciência, literatura e arte falavam grego, influenciando a cultura dos
demais países.
Na Casa da Moeda de Alexandria, marcadas por um L, foram cunhadas algumas tetradracmas de prata, as
mais belas do seu período. Tais moedas possuíam um numero que correspondia ao ano de reinado do
soberano, ao contrario das antigas moedas gregas, desprovidas de data.
4.5- AS MOEDAS DE ROMA ATE O FIM DO IMPÉRIO ROMANO DO OCIDENTE
4.5.1- ANTES DO INICIO DA MOEDAGEM
A moedagem romana começou dois séculos mais tarde do que as das cidades da Magna Grécia que já
cunhavam belíssimas moedas. No século IV a.C. , enquanto as dracmas, no mundo grego e principalmente na
Sicília, alcançavam o auge da perfeição estilística, em Roma ( que na época era uma simples vila de pastores),
os animais ainda eram o principal meio de troca.
Mais tarde, desenvolveram uma moedagem excepcional quanto a continuidade ( cunharam-se moedas de
335 a.C. a 476 d.C.) e variedade ( usaram-se quase todos os metais).
4.5.2- AS MOEDAS ROMANAS "ARCAICAS"
A partir do século VII a.C., Roma adotou um bem para intermediar as trocas: o bronze ( a prata precisava
ser importada, e desconhecia-se a existência do ouro na época). Eram pecas sem forma de metal bruto fundido
( aes rude), avaliadas com base no peso ( de 2g a 4kg), sem sinais ou figuras. Mais praticas que os animais,
elas ainda não ofereciam as vantagens da moeda.
4.5.3- AS PRIMEIRAS MOEDAS ROMANAS
Por volta de 335 a.C., com o aes grave (bronze pesado), Roma ganhou sua primeira moeda - o as ou asse -,
fundida em forma redonda, com indicações de valor e impressos oficiais. No anverso dos ases aparece Jano
bicéfalo, a mais antiga divindade do rico Olimpo romano - deus da passagem de um lugar a outro e, portanto,
de um tempo a outro - por isso, representado com dois rostos. No reverso, a imagem mais comum e a da proa
de um navio.
A série do aes grave também e chamada libral (de libra, unidade de peso latina) pois, assim como a libra, o
as dividia-se em doze uncias.
Em 268 a.C. Roma ( já poderosa) passou a confeccionar também moedas de prata, iniciando a esplêndida
era do denário romano.
4.5.4- IMPÉRIO ROMANO: INICIO E FIM DA MOEDAGEM IMPERIAL
A moedagem imperial romana iniciou-se com César, "ditador perpetuo", em 44 a.C.. Nesta época, as
moedas republicanas transformaram-se em imperiais, acentuando seu caráter propagandistico e celebrativo,
não mais baseado na gens ("família") ou em um partido, mas em lideres, em personagens isolados, que
dominavam a cena política: Marco Antônio, Emílio Lépido, Brutus, Pompeu e outros.
Não e de se estranhar que César, em 45 a.C., tenha sido o primeiro a colocar seu retrato em moedas,
seguindo o exemplo do mundo grego, onde os reis cunhavam sua efígie sobre as pecas havia dois séculos e
meio.
Por fim, a moedagem terminou em 476, com a queda de Romulo Augusto e do Império do Ocidente.
4.6- A MOEDAGEM BIZANTINA
Bizancio ( depois Constantinopla, atual Istambul), uma das mais poderosas cidades da Antigüidade, foi
fundada em 675 a.C. ( ou talvez 703, não se sabe a data exata) pelos habitantes da cidade grega de Megara. A
cidade se tornou muito poderosa graças ao intenso comercio e a sua estratégica posição geográfica, no estreito
que une o mar Egeu ao mar Negro, a Europa a Ásia. A denominação de Constantinopla, séculos mais tarde da
sua fundação, foi dada pelo imperador Constantino, que em 326 fez de Bizancio a nova capital do Império
Romano.
Diferentemente da moedagem romana, da qual derivou, a moedagem bizantina apresenta uma iconografia (
descrição e/ou representação de imagens) toda particular, menos realística e expressiva, mas ainda assim cheia
de fascínio e mistério. São muitas as moedas de ouro: o solido, o semisse ( 1/2 de solido) e o tremisse ( 1/3 de
solido), todos originados diretamente de moedas romanas. Muitas vezes globulares ( em forma de globo), elas
tinham grandes dimensões e uma forma de tigela. Essa característica era peculiar a moedagem bizantina.
Devido a presença de figuras hieráticas de Cristo, da Virgem, de santos e do imperador e seus familiares, as
moedas bizantinas tinham um caráter sacro. Um dos mais freqüentes motivos ornamentais era a cruz, simples
ou dupla. O imperador aparecia com vestes suntuosas, coroado por anjos, sentado no trono com um cetro ou
um globo na mão, sempre retratado como se fosse um Deus. Nas moedas bizantinas, nunca se representavam
animais, cenas mitológicas ou festas leigas ( que não são sacras) - a única exceção a imagem de Bizancio e a
Vitoria alada. As legendas, gravadas em caracteres gregos, dispunham-se verticalmente, ao longo do bordo
externo, ou as vezes ocupavam todo o reverso.
4.7- AS MOEDAS IBÉRICAS
No ano de 711 travou-se na Espanha a Batalha de Guadalete, na qual morreu o ultimo rei visigodo ( povo
que habitava a península Ibérica ate essa data). Começava a dominação árabe na península Ibérica. Depois de
uma longa e conturbada etapa inicial, os mulçumanos, edificaram uma civilização esplêndida que existiria ate
o século XV.
Em seu apogeu, o domínio árabe, estendeu-se por dois terços da península Ibérica. Mas, a partir da virada
do milênio, o poder dos califas na região entrou num lento e prolongado declive. Estados cristãos surgiram em
meio a esse processo, e os cristãos inevitavelmente reconquistariam a península, devido ao enfraquecimento
dos árabes. Isso aconteceu com a tomada de Granada ( ultima dominação árabe na península) em 1492.
As moedas ibéricas refletem o entre choque de duas culturas, povos e religiões diferentes, que caracterizou a
historia da região. Antes da invasão muçulmana, haviam circulado na região moedas gregas, celtas,
cartaginesas, romanas e grosseiras imitações destas ultimas, feitas pelos bárbaros. A partir do século VIII,
juntaram-se ao grupo pecas árabes ( no inicio de prata e depois de ouro).
As moedas ibéricas mais importantes ( excluindo-se as árabes) são as posteriores a união do reino de Castela
e Aragao ( 1479) cuja abundância de ouro e prata, vindos do Novo Mundo, deram lugar a novas emissões
antigas e mais rústicas. Dentre elas, sobressai-se o ducado - ou excelente - de ouro, com sua metade e
múltiplos, que surgiu após a reconquista de Granada. A moeda traz os bustos de Isabel I e Fernando II o
Católico ( 1479 -1516). A denominação "excelente" derivava do elevado título da moeda. Também se
tornaram famosos os "reales de ocho" de prata ( 8 reales), que passariam a Historia como o dólar espanhol e
sobreviveriam ate meados do presente século.
4.8- AS MOEDAS DO RENASCIMENTO
O Renascimento se caracterizou pela exaltação do homem e da criação. A cultura clássica foi redescoberta, e
dela surgiu o Humanismo - o aspecto literário e filosófico do Renascimento.
A moeda esta relacionada com essa "evolução" de várias maneiras. Do ponto de vista econômico, a
expansão do comercio e do bem estar pede uma moedagem variada e de qualidade. Do ponto de vista artístico,
as moedas dessa época são o fruto de uma produção extremamente refinada: a cunhagem mais bem cuidada
permite aos artistas obter mais precisão nos detalhes e criar cenas arejadas, muitas vezes transportadas das
pinturas, dando margens a admiráveis estudos de perspectiva e uma notável profundidade de relevo. Nunca
nessa época a moeda foi a expressão fiel de seu tempo.
Nessa época, o volume de ouro em circulação na Europa aumentara aproximadamente doze vezes em apenas
meio século. Predominam, como moedas fortes, além do genovino de Gênova de 1251, os florins de Florença
de 1252 e os ducados de Veneza de 1284. Essas duas ultimas moedas eram cunhadas praticamente em ouro
puro.
A série de moedas do Renascimento tem uma originalidade própria: a harmonia, o senso de composição e de
espaço são características únicas das moedas dessa época. Nelas, o artista buscava transcender o aspecto físico
para tentar captar a alma do personagem. Instala-se, a partir de 1450, uma iconografia excepcional,
variadissima no estilo, sempre marcada por uma técnica muito evoluída.
5- HISTORIA DA MOEDA NO BRASIL
Após quatro séculos, o Brasil volta a ter como moeda o real, criado em 1112 em Portugal e usado de 1500 a
1808 no Brasil.
A partir de 1500, a maior parte do meio circulante brasileiro era composto por reales ( plural de real),
cunhados na Espanha e nas colônias hispano-americanas. Em 1582, o governo português fixou uma
equivalência entre os reales da América Espanhola e os reis de Portugal: oito reales passaram a valer 320
reis.
Os reais ou reis permaneceram em todo o Brasil Colônia, inclusive após a vinda de D. João VI para o Brasil,
em 1808. Embora o padrão monetário continuasse o mesmo, o povo passou a chamar a moeda de mil reis ( ou
múltiplos de real).
A grande mudança ocorreu mais de um século depois: em 1942, com o corte de três zeros e a transformação
de moeda de mil reis para o cruzeiro. Quando o cruzeiro surgiu, o meio circulante estava caótico. Haviam 40
valores de moedas, cada uma com o seu material, circulando: 5 de prata, 14 de bronze-aluminio e 22 de
níquel. A reforma monetária seguinte só veio em 1965, quando o governo lutava contra uma inflação que
quase chegara a índices absurdos no ano anterior. Novamente cortou-se os três zeros, e surgiu o cruzeiro novo.
Em marco de 1970, o cruzeiro renasceu - só que, desta vez, sem a retirada de três zeros. Ele durou 16 anos,
ate 1986, quando a inflação voltara a corroer o poder de compra da moeda. Agora seu nome e cruzado, e tem
menos três zeros do que o cruzeiro anterior.
Outros 3 anos de inflação e veio, em fevereiro de 1989, o cruzado novo, também com três zeros a menos.
Em marco de 1990 o governo Collor ressuscitou o cruzeiro, sem o corte dos três zeros.
Em agosto de 1993, três zeros a menos e uma moeda a mais: o cruzeiro real.
No vaivém da inflação, ate a chegada hoje do real, a moeda brasileira perdeu 15 zeros em 52 anos.
6- CURIOSIDADES SOBRE A MOEDA
6.1- OS SUBSTITUTOS DA MOEDA
Em tempos de guerra ou hiperinflacao, a moeda pode vir a faltar, e as pessoas precisam substitui-la por
outras coisas. Veja os exemplos:
- Os alemães, após a Primeira Guerra Mundial, emitiram pecas de porcelana como moedas, devido a falta de
metais.
- Na Franca, no século XIII, substituíram a moeda por fichas metálicas em que se registravam créditos e
débitos.
- Na Itália, nos anos 70, a moeda foi substituída por caramelos, recebendo o nome de liras caramelo.
- Em São Paulo, anos atrás, fichas telefônicas, chicletes e balas substituíam as moedas de pequeno valor.
- Durante a Guerra Civil Americana, selos acondicionados em pequenos discos de papelão, zinco ou couro;
recobertos por plástico ou vidro, foram usados como moeda.
6.2- AS MENORES MOEDAS DO MUNDO
Esse título e disputado por 2 moedas. A "cabeça de alfinete" cunhada em Colpata ( Índia) em 1800, com
apenas 65 mg; e os 6 krissales de ouro, emitido em Java entre os séculos IX e XII, que apesar do tamanho um
pouco maior que um grão de arroz tem inscrições nas suas duas faces.
6.3- AS MAIORES MOEDAS DO MUNDO
Deixando de lado os discos de pedra furados da ilha Yap, na Micronesia, com seus 3,7 metros de diâmetro,
por não serem de metal. Temos outras grandes moedas. O recorde de peso e o de 10 dólares suecos de 1659,
com 19kg de cobre. No item de valor intrínseco e nominal, o primeiro lugar e da moeda 200 muhur, cunhada
pelo grao-mongol Shah Goaham, com mais de 2kg de ouro.
6.4- AS "VARIAÇÕES" DAS MOEDAS BRASILEIRAS
Devido a freqüente troca de cadeiras no Ministério da Fazenda, principalmente a partir da década de 80,
várias notas iguais em valor, são emitidas com assinaturas de ministros diferentes. Para os numismatas e
colecionadores, quanto menos tempo ficar um ministro no seu cargo ( nesse caso o da Fazenda), menos
assinaturas suas serão impressas nas notas, e consequentemente menos notas circulantes terão suas assinaturas,
elevando o seu preço no mercado de colecionadores devido a raridade dessa variedade.
Nas notas de real, existe um tipo de variedade que pode torna-las ate três vezes mais cara no mercado dos
colecionadores. Algumas notas de cinco e de dez reais, foram impressas em casas da moeda fora do Brasil.
Isso se pode notar pela letra B impressa depois de seu numero de série na face da efingie da republica, em vez
da letra A. Mas se esse tipo de nota tiver um asterisco ao lado do seu numero de série, seu valor pode ate
triplicar no mercado de colecionadores. Esse asterisco significa, que uma nota com esse mesmo numero de
série foi impressa anteriormente com defeito e foi destruída, então, uma nova nota igual, com o mesmo
numero de série foi reimpressa, sendo marcado esse fato por um asterisco.
ESTE TRABALHO FOI FEITO POR ANDREI SCHEINER NO ANO DE 1995. PODE SER USADO
POR OUTROS, DESDE QUE SE MANTENHA A INTEGRIDADE DA OBRA E OS MÉRITOS DO
AUTOR.

sábado, 25 de junho de 2016

A civilização muçulmana



Enquanto o Império Romano do Oriente lutava
para manter vivas a cultura e as tradições helenísticas, um povo de pastores
semitas mudava o curso da História. Mobilizados pelo profeta Maomé, entraram
em choque com a civilização bizantina e com os novos reinos da Europa ocidental.
Os muçulmanos construíram a civilização mais brilhante da Idade Média,
assimilando o patrimônio cultural dos povos do Oriente Médio e do Extremo
Oriente. Atualmente, o islamismo conta com milhões de seguidores em todo
o mundo.
A península dos árabes
A Arábia é um imenso deserto de pedras e areia. Seus escassos habitantes se
fixaram na costa do mar Vermelho e nos oásis do interior. A península Arábica
era habitada por tribos de beduínos semitas, da mesma origem dos judeus,
fenícios e assírios.
Os beduínos da Arábia eram pastores de rebanhos de cabras e camelos.
Sua principal atividade era o comércio entre os oásis do interior e o litoral.
Nas aldeias, tais como Meca e Latribe, cultivavam a terra.
A religião
Os árabes eram um povo muito religioso. Adoravam Alá, o deus supremo.
Cada tribo adorava seus ídolos. Entre esses ídolos, o mais antigo era uma pedra
preta guardada na Caaba, a casa quadrada de Meca. Segundo a tradição árabe,
Alá teria depositado a pedra preta nas mãos de Abraão, pai de todos os semitas.
O destino desse povo se transformou com a chegada de um líder que
propunha o ideal da unidade árabe e da conquista da Terra pelo povo árabe.
Maomé
Maomé nasceu em Meca em 570. Era pastor e cuidava de caravanas
de camelos. A tradição conta que Maomé recebeu uma revelação do arcanjo
Gabriel, segundo a qual Alá o escolhera para pregar a mensagem de salvação
entre seus irmãos árabes: o Islã, a submissão à vontade divina.
A civilização
muçulmana
Como não sabia escrever, Maomé ditou a revelação a amigos, que reuniram
seus ensinamentos no Alcorão, o livro sagrado do Islã.
Esses são alguns deveres dos fiéis muçulmanos:
l rezar cinco vezes ao dia voltado na direção de Meca;
l ficar em jejum durante os quarenta dias do ramadã, o mês sagrado;
l praticar a caridade;
l visitar Meca pelo menos uma vez durante a vida.
Os ensinamentos de Maomé fortaleceram os laços familiares entre os árabes.
A mulher deixou de ser escrava para tornar-se companheira. A poligamia,
o costume de manter muitas mulheres, teve seu limite fixado em quatro esposas.
O triunfo da nova crença
Perseguido pelos chefes de Meca, por causa dos ataques que
fazia aos ídolos da Caaba, Maomé foi obrigado a fugir em 622, para
Latribe. Os muçulmanos contam os anos a partir dessa fuga. Latribe
ficou conhecida como Medina, a cidade do profeta.
A partir dessa fuga, Maomé começou a pregar a guerra santa
contra todos os infiéis, aqueles que não acreditavam nas suas
revelações. Segundo a crença, os muçulmanos que morrem lutando
pela religião vão direto ao paraíso.
Os habitantes de Medina logo adotaram a nova religião. Em 630,
Maomé e seus guerreiros muçulmanos atacaram Meca. Penetraram
na Caaba e destruíram todos os ídolos, menos a pedra preta.
Após essa vitória, o islamismo se espalhou por toda a Arábia.
Antes de sua morte, em 632, Maomé havia conseguido unificar as
tribos árabes.
O império muçulmano
Com a morte do profeta, seu sogro, Abu-Beker, se proclama califa, palavra
que significa sucessor, e governa em nome do profeta. O califa era um misto de
chefe político e religioso. Tinha como missão preparar os árabes para a conquista
da Terra.
Abu-Beker foi sucedido pelo califa Omar. Durante seu governo de onze
anos, deu-se o início da expansão muçulmana. Guerreiros do Islã atacaram a
Pérsia e o Império Bizantino, ambos debilitados por lutas internas. Em pouco
tempo, graças ao progresso militar atingido pelos muçulmanos, conseguiram
dominar extensos territórios e controlar o comércio do Mediterrâneo.
A Pérsia se rendeu após dez anos de luta.
O Império Bizantino perdeu a Síria para os árabes.
No Egito, Alexandria resistiu ao cerco árabe durante dois anos. Depois,
foi incendiada, junto com sua famosa biblioteca. Os muçulmanos construíram
uma nova capital no Cairo.
Guerreiros muçulmanos conquistaram o norte da África, Líbia e Trípoli,
chegando até o local da cidade de Cartago.
Maomé prega para

seus seguidores.
Com a morte de Omar, o califa Ali continuou conquistando mais territórios. A U L A
Mas, em pouco tempo, surgiram as primeiras disputas internas pelo poder,
ocasionando uma guerra civil. A partir desse momento, duas dinastias governaram
o império muçulmano:
l a dinastia dos Omeíadas, fundada pelo califa Muhawiya;
l a dinastia dos Abássidas, fundada pelos descendentes de Abas, tio de
Maomé.
Os omeíadas: o império árabe
A dinastia dos Omeíadas governou o mundo árabe durante aproximadamente
cem anos. Sob os omeíadas, deu-se a expansão territorial. Os califas
abandonaram Meca e fixaram a capital do império em Damasco, na Síria,
ocupando-se unicamente de questões políticas. Durante esse período, os exércitos
muçulmanos conquistaram o Turquestão, o Cáucaso, a Armênia e chegaram
até a Índia.
No norte da África, conquistaram Túnis, Argélia, Marrocos e chegaram até
o oceano Atlântico. A partir daí, atravessaram o estreito de Gibraltar e tentaram
tomar a península Ibérica e a França.
Em 711, iniciaram a conquista da Espanha visigoda. Atravessaram
os Pireneus e começaram a conquista da França. Em 732, após terem conquistado
um terço do território da França, Carlos Martel os deteve em Poitiers.
Os muçulmanos retrocederam até os Pirineus, mas permaneceram na
Espanha até o século XV, quando foram expulsos pelos reis cristãos.
Os abássidas: esplendor e decadência
Em 750, uma revolta interna derrubou a dinastia dos Omeíadas. Os vencedores
dessa revolta, descendentes de Abas, tio de Maomé, mudaram a capital

do império para a Mesopotâmia, onde fundaram Bagdá.
Os novos califas continuaram a expansão territorial e incentivaram o desenvolvimento
científico e artístico. O apogeu dessa dinastia ocorreu durante o
reinado de Harun al-Rachid (780-810): o império muçulmano se estendeu
desde a Espanha até a China.
Durante esse período ocorreu a ruptura da unidade do mundo árabe
sonhada por Maomé:
l em 760, os árabes da Espanha declaram independência;
l em 968, os árabes do Egito tornam-se independentes.
O império foi dividido em três califados. Em Bagdá, os califas se cercaram de
guardas mongóis que, aos poucos, tornaram-se os verdadeiros governantes.
Os turcos
Os turcos eram tribos asiáticas que vieram da Mongólia, assim como os
hunos, os búlgaros e os húngaros. Após séculos de luta contra o império chinês,
dirigiram-se para a Europa e fixaram-se nas margens do mar Cáspio.
Lá, entraram em contato com os árabes da Pérsia e logo se converteram ao
islamismo. A partir de então, tornaram-se guerreiros de Alá e cuidaram da
guarda pessoal do califa.
Em 1055, uma das tribos turcas mais importantes, a dos seljúcidas, tomou
Bagdá e substituiu o califa pelo seu sultão. Os turcos conseguiram submeter
todos os povos árabes da Ásia e da África, tornando-se um perigo para os reinos
cristãos da Europa.
A cultura muçulmana
Os muçulmanos não criaram uma cultura original, mas assimilaram aquilo
que de melhor havia no imenso império que conquistaram em tão pouco tempo.
Sua civilização deixou marcas de tolerância cultural e de uma fantasia sem
limites.
A organização do império muçulmano
Os árabes foram muito tolerantes com os povos conquistados durante a
Guerra Santa: permitiram que conservassem sua religião, seus costumes e a
administração de seus territórios em troca de um tributo. Por outro lado,
mostravam-se cruéis com aqueles que abusavam dessa benevolência.
O califa era o chefe supremo, civil, político e religioso. Os califas governavam
a partir das capitais do mundo árabe: Bagdá, Cairo e Córdoba.
Nos territórios conquistados, o emir exercia o poder absoluto em nome do
califa.
As principais tarefas de governo eram desempenhadas pelos vizires, ou

ministros, e os xeques, os chefes das tribos.
A economia do mundo muçulmano A U L A
O contraste entre a Europa empobrecida do início da Idade Média
e a prosperidade do mundo muçulmano era gritante. Os árabes dominaram
as grandes rotas comerciais e tornaram-se os maiores intermediários entre
o Oriente e o Ocidente.
As ciências e as letras
Os árabes difundiram na Europa inventos chineses, tais como o papel,
a bússola, a pólvora e o cultivo do arroz e do algodão. Introduziram o cultivo
da cana-de-açúcar nas ilhas de Chipre e na Sicília. Foram grandes fabricantes
de tecidos, tapetes, jóias, cerâmicas e vidro. E também:
l dedicaram-se à química, fabricando remédios, drogas, perfumes e tinturas;
l desenvolveram a cartografia e a astronomia;
l no campo da matemática, desenvolveram a álgebra e a trigonometria.
Introduziram na Europa as obras de Arquimedes e Euclides, e os números
arábicos que trouxeram da Índia;
l a literatura dos árabes é uma das mais ricas e fascinantes da História. Suas
lendas e contos são apreciados ainda hoje. Os mais populares são A lâmpada
de Aladim, As mil e uma noites e Sinbad, o marujo;
l no campo da filosofia, destacaram-se pela tradução das obras de Platão
e Aristóteles, que chegaram à Europa medieval levadas por eles;
l sua medicina foi a mais avançada da Idade
Média: criaram as primeiras clínicas e escolas
médicas. Seus farmacêuticos e médicos
desfrutavam fama mundial.
As artes
O Alcorão proibia a representação de figuras
humanas. A civilização muçulmana produziu
uma arquitetura admirável que introduziu novos
elementos, tais como o uso do arco com
ornamentos geométricos, o arabesco, presente

em mesquitas e palácios.